As forças de segurança em todo o país têm encontrado cada vez mais fuzis de calibres 5.56 e 7.62 nas ruas — armas de alto poder de fogo que, até poucos anos atrás, eram exclusivas das Forças Armadas e das polícias. A mudança começou durante o governo de Jair Bolsonaro, quando novas regras permitiram a compra desses armamentos por civis. Agora, a consequência aparece de forma preocupante: essas mesmas armas estão sendo apreendidas em operações contra o crime organizado.
Fuzis que cruzaram a fronteira entre o legal e o ilegal
A autorização para civis adquirirem fuzis tinha como objetivo atender atiradores esportivos e colecionadores. No entanto, na prática, parte desse armamento acabou migrando para o mercado ilegal. Criminosos passaram a ter acesso facilitado a equipamentos de uso militar, e o resultado é um aumento expressivo de apreensões de fuzis de uso restrito em operações policiais.
Segundo especialistas em segurança pública, a fragilidade no rastreamento e o controle ineficaz sobre os registros de CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) abriram brechas para desvios. Armas compradas legalmente acabam sendo revendidas ou furtadas, muitas vezes aparecendo meses depois em confrontos com a polícia.
A escalada do poder de fogo
A presença de fuzis 5.56 e 7.62 em ações criminosas muda completamente o cenário das operações policiais. Esses calibres possuem alcance e potência muito superiores às armas de uso comum, o que coloca as forças de segurança em desvantagem e aumenta o risco de mortes em tiroteios urbanos.
Em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, as apreensões de fuzis cresceram de forma constante nos últimos anos. Além do uso por facções locais, há registros de armas desviadas para o tráfico internacional, demonstrando que o problema já ultrapassa as fronteiras brasileiras.
O desafio de conter o avanço
Após a liberação ampla de armas, o atual governo tenta reverter o cenário por meio de decretos que restringem a compra e impõem novos critérios para clubes de tiro. Porém, o impacto das medidas anteriores ainda é sentido: milhares de armas continuam em circulação, muitas sem controle efetivo.
O desafio, agora, é equilibrar o direito individual ao porte com a necessidade de segurança coletiva. A cada nova apreensão, cresce a pressão para que o país adote políticas mais firmes de rastreamento e fiscalização.
Perguntas e respostas
Porque o acesso facilitado abriu espaço para desvios e revendas ilegais.
Sim, grupos criminosos passaram a ter mais facilidade para adquirir armamentos pesados.
Sim, com fiscalização rigorosa, controle unificado e revisão das autorizações de compra.












