Por muito tempo, venderam-nos a ideia de que a felicidade feminina estava diretamente atrelada ao amor romântico. Como se a plenitude só fosse possível quando refletida no olhar de um outro, de preferência um homem. Mas há um fenômeno ganhando força e desconstruindo esse velho roteiro: o boy sober.
Não é uma revolta contra os relacionamentos, nem uma recusa ao amor. É uma escolha. Uma pausa. Uma sobriedade emocional que permite às mulheres experimentarem a vida sem a embriaguez dos amores frustrados, das expectativas despedaçadas e das relações que sugam mais do que oferecem.
Ser boy sober não significa necessariamente desistir dos homens, mas sim redescobrir-se sem a necessidade deles. Algumas fazem isso depois de um namoro abusivo, outras simplesmente cansam da exaustiva busca pelo par perfeito. E há aquelas que, após anos de relações emendadas, percebem que nunca viveram um tempo genuíno para si mesmas.
O que acontece depois? Elas florescem. Sem a ansiedade de esperar uma mensagem que não chega, sem o desgaste de tentar caber em expectativas alheias, sem a culpa de se escolherem primeiro. A mulher boy sober redescobre hobbies, fortalece amizades, reencontra prazeres simples. Aprende a dormir no meio da cama e acordar sem precisar agradar ninguém. Aprecia o silêncio e faz dele uma escolha, não uma ausência.
E aí vem o medo social: e se ela nunca mais quiser voltar? Se perceber que a vida sem romance pode ser mais rica, mais plena, mais leve? Se aprender a se bastar e, por isso mesmo, se tornar “difícil”, “exigente”, “inalcançável”?
Talvez essa seja a grande revolução silenciosa do boy sober: não é sobre fechar-se ao amor, mas sobre torná-lo opcional. Um luxo, não uma necessidade. Porque quando uma mulher aprende a viver bem sozinha, ela não se curva a qualquer companhia. Ela escolhe. E, se um dia quiser amar de novo, que seja de forma sóbria. Sem ilusões, sem vícios emocionais, sem intoxicações.