A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez duras críticas à megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 130 mortos, segundo a Defensoria Pública do Estado. Em discurso na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (29), a parlamentar afirmou que o Estado “não pode transformar o combate ao crime em uma política de extermínio” e cobrou responsabilização do governo estadual pela tragédia.
As declarações ocorreram um dia após o governador Cláudio Castro (PL) afirmar que as “verdadeiras vítimas foram os policiais” e que o Rio está “sozinho” no enfrentamento ao crime organizado.
“O Estado fracassou quando a morte vira rotina”
Em seu pronunciamento, Jandira Feghali destacou que a segurança pública deve ter como foco a preservação da vida, e não a ampliação da violência. “Quando uma operação termina com dezenas de corpos, o Estado falhou. A morte não pode ser o objetivo de uma política pública”, afirmou.
A deputada classificou a ação como “um massacre inaceitável” e defendeu a criação de uma comissão independente para investigar as circunstâncias das mortes. “Não é possível que, em pleno século XXI, comunidades inteiras sejam tratadas como zonas de guerra, onde a regra é matar primeiro e perguntar depois”, completou.
A resposta ao governador e o embate com o governo estadual
Jandira também rebateu diretamente a fala do governador Cláudio Castro, que justificou o alto número de mortes dizendo estar “sem apoio do governo federal”. Para a parlamentar, o discurso do governador tenta desviar o foco da responsabilidade. “O governador não pode transferir culpas. Ele é o responsável direto pela política de segurança do estado e deve explicações à população”, declarou.
O embate reflete um cenário de tensão política crescente entre o governo fluminense e a base progressista no Congresso, que acusa o Estado do Rio de adotar uma estratégia de confronto permanente em áreas pobres, sem planejamento e sem atenção aos direitos humanos.
Comunidades em luto e desconfiança com as autoridades
Enquanto o debate político se intensifica, a realidade nas favelas é de medo e dor. A Praça da Penha amanheceu coberta por corpos sob lonas azuis, e relatos de moradores indicam que pelo menos 50 vítimas foram retiradas por familiares antes da chegada das autoridades. Organizações sociais denunciam que não houve perícia adequada em diversos locais e cobram transparência nas investigações.
Para Jandira, o caso mostra o fracasso de uma política que trata a pobreza como inimiga. “A população das favelas é a principal vítima. E enquanto o governo comemora números, famílias estão enterrando seus filhos”, concluiu a deputada.
Perguntas e respostas
Que a morte não pode ser o objetivo de uma política de segurança pública e que o Estado falhou ao permitir tamanha letalidade.
Porque ele afirmou estar “sozinho” no combate ao crime, o que, segundo Jandira, é uma tentativa de transferir responsabilidade.
A Defensoria Pública do Rio registrou 130 mortes, sendo 128 civis e quatro policiais.












