Na reta final antes da COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em uma comunidade quilombola no Pará para marcar presença no debate ambiental global de forma simbólica e estratégica. Na manhã desta segunda-feira, ele visitou o Quilombo Itacoã‑Miri, no município de Acará, a 120 km de Belém, onde participou da colheita e da debulha do açaí. A presença reforça o protagonismo brasileiro na defesa da Amazônia e lança um recado claro: a floresta e os povos tradicionais vão entrar no centro da conferência climática.
Entre o cacho de açaí e o foco ambiental
Em vídeo que viralizou nas redes sociais, Lula aparece recolhendo frutas diretamente do palmito-açaí, acompanhado por moradores da comunidade. Ele descreveu o momento como aprendizado sobre “o fruto que alimenta o corpo e a cultura da Amazônia”. A ação reforça que a pauta da COP30 não será apenas sobre emissões ou metrópoles — mas também sobre como as comunidades extrativistas vivem e protegem o bioma. Essa presença de campo, no interior amazônico, contrasta com discursos meramente urbanos e industriais.
Quilombo, tradição e renda: a Amazônia como palco
O Quilombo Itacoã-Miri é um símbolo vivo de resistência, cultura afro-brasileira e economia local que dialoga com a preservação ambiental. Com cerca de 96 famílias, a comunidade já desenvolve sistemas agroflorestais e produção de açaí como forma de conjugar geração de renda com proteção da floresta. A visita de Lula reforça o recado de que políticas de crédito, assistência técnica e mecanização para esses territórios serão pilares da estratégia nacional para a conferência. Se as soluções para o clima dependem da Amazônia, então as vozes que nela vivem ganharão atenção.
A COP30 começa, a promessa ficará de pé?
Com a conferência marcada para começar dentro de dias, o gesto simbólico de Lula assume dimensão estratégica. O Brasil hospeda o evento numa escolha que empurra o foco para o Norte, para a floresta e para populações tradicionais. No entanto, o desafio prático é maior que o gesto: transformar visibilização em ação. Garantir que a colheita de açaí como ação simbólica se traduza em financiamento real, inserção no mercado global e modelos de produção sustentáveis exigirá follow-through. Para o governo, o momento é de entregar resultados — não apenas discursos.
A visita ao quilombo mostra que, na diplomacia climática, o palco rural pode ter tanto peso quanto a sala de reunião internacional. Quando o líder de uma nação planta ou colhe, ele planta ideias e colhe expectativas. Resta saber se as frutas do campo serão transformadas em políticas que realmente façam diferença.
Perguntas curiosas:
1. Por que Lula escolheu um quilombo para essa visita antes da COP30?
Resposta: Para conectar a conferência à realidade das populações tradicionais da Amazônia e demonstrar que a proteção ambiental depende de quem vive na floresta.
2. O que a colheita de açaí durante a visita simboliza?
Resposta: Simboliza a economia da floresta, o papel das comunidades extrativistas e a valorização do fruto como parte da cultura amazônica.
3. A ação fora de Brasília realmente muda algo para a conferência?
Resposta: Pode não garantir mudanças isoladamente, mas reforça a mensagem de que a Amazônia é central e que quem vive nela importa para as decisões globais.










