O furacão Rafael, que atingiu o oeste de Cuba na noite da última quarta-feira (6/11), causou um grande apagão na ilha, marcando a segunda queda total de energia em apenas duas semanas. O fenômeno climático, de categoria 3 na escala Saffir-Simpson (que vai até 5), cruzou o território cubano com ventos intensos, afetando gravemente a infraestrutura elétrica e deixando a população à mercê de mais uma crise de energia.
Apagão histórico: sistema elétrico de Cuba colapsa com a força de Rafael
O furacão Rafael tocou terra na praia Majana, na província de Artemisa, e seguiu em direção ao Golfo do México. Logo após, deixando um rastro de destruição ao cruzar Cuba de sul a norte. A Unión Eléctrica, empresa estatal responsável pela distribuição de energia na ilha, informou que os ventos de alta intensidade, com rajadas de até 140 km/h, provocaram a desconexão total do sistema elétrico nacional. Segundo Lázaro Guerra, diretor de eletricidade do Ministério de Energia e Minas, o furacão interrompeu o funcionamento dos geradores. Então, causou a queda das linhas de transmissão, o que resultou no colapso completo da rede elétrica.
Este apagão ocorre após outro episódio recente, em que o furacão Oscar também deixou o país na escuridão devido a falhas em usinas termelétricas e à falta de combustível. A vulnerabilidade do sistema elétrico cubano tem sido uma preocupação constante, intensificada pela crise econômica. Bem como, pela escassez de recursos para manutenção e investimento em infraestrutura.
Ventos e destruição: população atingida por força devastadora do furacão
As regiões mais afetadas pelo furacão incluem a capital, Havana, onde os ventos chegaram a atingir 185 km/h. No município de Candelária, localizado a 65 quilômetros a oeste de Havana, o cenário era de devastação. As ruas ficaram repletas de destroços, incluindo galhos, pedaços de concreto e telhas arrancadas das casas. Marta Leon Castro, moradora de 57 anos, expressou seu desespero ao relatar a destruição de sua casa: “Estou desesperada, sem abrigo, o telhado desapareceu e não sei o que vou fazer.” No bairro de Marta, pelo menos cinco famílias perderam o telhado de suas casas, deixando dezenas de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Em Havana, a passagem do furacão alterou a rotina da cidade. Escolas, comércios e escritórios fecharam antecipadamente, e os postos de gasolina retiraram as bombas como medida de segurança. Assim, a cidade, que abriga cerca de dois milhões de habitantes, ficou deserta, com os moradores buscando abrigo e segurança em suas casas.
Turistas presos e aeroportos fechados: impacto na economia e no turismo cubano
O impacto do furacão também atingiu o turismo, um dos setores essenciais para a economia cubana. De acordo com o jornal oficial Granma, as operações aéreas foram suspensas na região ocidental do país, afetando o Aeroporto Internacional de Havana e o balneário de Varadero. Turistas ficaram bloqueados em hotéis, muitos dos quais utilizaram luz de velas nos restaurantes e saguões, aguardando que a tempestade passasse. A interrupção do turismo, aliada aos danos materiais, representa uma perda econômica significativa para Cuba, especialmente em um momento de crise.
Crise sem fim: Cuba enfrenta novo golpe em meio à falta de energia e escassez
A crise energética que Cuba enfrenta há meses se agravou com a passagem de Rafael. Desde o apagão generalizado de setembro de 2022, provocado pelo furacão Ian, o país tem registrado frequentes falhas de energia devido ao déficit crônico na geração de eletricidade. A situação tem sido agravada pela falta de investimentos e pela escassez de combustíveis. Assim limitando a capacidade de resposta do governo frente a desastres naturais como Rafael e Oscar.
O furacão Rafael não apenas evidenciou as fragilidades do sistema elétrico cubano, mas também expôs a gravidade da crise econômica enfrentada pelo país. Com uma economia que não se recuperou totalmente dos impactos da pandemia de COVID-19, Cuba vive sua pior crise econômica em três décadas, caracterizada por uma inflação galopante e uma escassez severa de alimentos e medicamentos.












