Aos 84 anos, Dona Mazé enfrenta o Alzheimer há mais de uma década. A doença, que apaga memórias e fragiliza o presente, não conseguiu silenciar o que sempre pulsou em sua alma: a música. Natural de Aracati e hoje morando em Beberibe, Dona Mazé reencontra lembranças esquecidas sempre que ouve as vozes de seu passado. Núbia Lafayette, Dalva de Oliveira e Nelson Gonçalves voltam a cantar, não só nos alto-falantes, mas também dentro dela.
A música que toca onde o Alzheimer não alcança
Letícia, sua cuidadora, encontrou na música uma ponte direta para as memórias mais profundas de Dona Mazé. Ela percebeu que, mesmo quando a fala falha, o rosto da idosa muda com os primeiros acordes. Sorrisos voltam. Lágrimas escorrem. Histórias ressurgem. Essa resposta emocional acontece porque a música ativa áreas do cérebro menos afetadas pelo Alzheimer. Canções conhecidas funcionam como chaves que destravam momentos esquecidos.
Escolhas certas fazem a diferença
Letícia não escolheu músicas ao acaso. Ela buscou exatamente aquelas que Dona Mazé ouvia na juventude. Cada canção carrega memórias específicas: festas, encontros, danças. Esse cuidado personalizado amplia os efeitos positivos. A constância também fortalece os resultados. Em vez de sessões esporádicas, a cuidadora inseriu a música na rotina. Assim, a memória se exercita e a emoção se mantém viva todos os dias.
Quando o afeto se junta à melodia
A força da música se potencializa com o carinho da família. Os filhos de Dona Mazé e a esposa de Letícia participam dos cuidados com dedicação e amor. A presença constante e o respeito à história da idosa criam um ambiente acolhedor. Ali, ela não apenas sobrevive à doença. Ela vive, sente e se reconhece, mesmo em meio ao esquecimento. Com afeto, paciência e música, Dona Mazé encontra diariamente pedaços de si mesma.
Perguntas e Respostas
Ela ativa áreas do cérebro preservadas, despertando memórias ligadas a emoções e experiências marcantes.
Porque marcaram fases importantes da vida e estão profundamente conectadas à identidade da pessoa.
A família reforça laços afetivos, mantém a rotina e oferece segurança emocional essencial para a qualidade de vida.