Durante sessão na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (29), o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) proferiu comentários que acenderam debates intensos sobre segurança pública, Estado de direito e responsabilidade política. Ele comemorou o elevado número de mortos em uma recente operação no Rio de Janeiro ao afirmar: “Tudo bandido, são menos bandidos para tirar a paz da sociedade”. Em seguida, elencou o Supremo Tribunal Federal (STF) como responsável por limitar a atuação policial, e declarou que facções criminosas do Rio Grande do Norte “fazem PhD no Rio de Janeiro”.
Um discurso que chama atenção
A fala acontece em um momento de forte repercussão no plano nacional, em que operações de segurança têm resultado em confrontos com dezenas de vítimas. Ao celebrar mortes como se fossem conquistas, o deputado gerou reação de diversos setores que apontam risco à proteção de direitos básicos. O argumento de “menos bandidos” para “tirar a paz” resume uma visão de segurança que privilegia o número de resultados em detrimento de garantias legais. Esta abordagem levanta questões sobre como políticas públicas tratam vidas — e quem decide quais vidas importam.
Acusações diretas ao STF e ao limite da polícia
Ao responsabilizar o STF pela “limitação” da atuação policial, Sargento Gonçalves retoma uma narrativa recorrente no debate sobre segurança: a de que poderes judiciais ou constitucionais impedem a repressão ao crime de forma eficiente. Essa perspectiva, contudo, desconsidera que a atuação das forças de segurança dentro dos marcos legais busca justamente evitar abusos, execuções sumárias e arbitrariedades que fragilizam o Estado de direito. O debate, portanto, gira em torno de como equilibrar o combate ao crime com garantias à vida e à Constituição.
Regionalização do crime: RN e Rio de Janeiro conectados
A terceira peça do discurso destaca a ligação que o parlamentar vê entre facções no Estado do Rio Grande do Norte e no Rio de Janeiro. Ele usou a expressão “fazem PhD no Rio de Janeiro” para enfatizar que grupos potiguares aprenderiam técnicas no RJ antes de atuar em solo potiguar. Esse tipo de linguagem sugere uma visão de crime como exportação regional, o que amplia o foco de segurança pública para além da zona do conflito imediato. Mas também traz à tona questões sobre a real articulação entre estados, responsabilidades federativas e os custos sociais desse modelo de enfrentamento.
Esses elementos – a celebração de mortes, as acusações ao STF e o enlace entre regiões – formam um discurso potente e controverso. Ele revela como representantes podem moldar a narrativa pública em torno da segurança, influenciando percepções e políticas. Resta saber como essa linha discursiva será absorvida pelo eleitorado, pela mídia e pelos tribunais.
Perguntas curiosas:
- Por que o deputado julgou mortes como “menos bandidos para tirar a paz da sociedade”?
Resposta: Ele considera que a eliminação de suspeitos criminalizados resulta em mais segurança para a sociedade. - O que significa afirmar que facções do RN “fazem PhD no Rio de Janeiro”?
Resposta: É uma metáfora para dizer que criminosos de outro estado aprendem com o modelo do RJ antes de agir. - Qual o impacto de culpar o STF pela limitação da polícia sem citar dados específicos?
Resposta: Pode reforçar expectativas de ação violenta, obscurecer controle legal e reduzir transparência sobre métodos de segurança pública.












