O clima político ficou tenso na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (28), dia em que o Rio de Janeiro registrou a operação policial mais letal de sua história, com 64 mortos. A Comissão de Segurança Pública, que discutia ações de combate ao crime, terminou em um bate-boca entre parlamentares bolsonaristas e membros do PSOL.
A confusão começou quando o presidente do colegiado, deputado Paulo Bilynskyj (PL-RJ), encerrou a sessão sem permitir que a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) fizesse sua fala. O gesto desencadeou protestos da oposição e transformou o plenário em palco de uma disputa acalorada.
O início da confusão e o microfone cortado
Durante a reunião, Talíria Petrone pediu a palavra para comentar o saldo da operação no Rio, que, segundo ela, “representa o fracasso de uma política baseada apenas na morte e no confronto”. O pedido, no entanto, foi ignorado por Bilynskyj, que anunciou o encerramento da sessão alegando cumprimento do tempo regimental.
A decisão irritou os parlamentares da esquerda, que começaram a gritar palavras de ordem contra o presidente. Talíria acusou o deputado de censura e autoritarismo. “O senhor está calando vozes que defendem a vida!”, afirmou, enquanto colegas da oposição batiam na mesa em apoio.
Do outro lado, deputados bolsonaristas reagiram com aplausos e vaias, defendendo a decisão de Bilynskyj e acusando o PSOL de “fazer palanque político sobre tragédias”. A sessão foi encerrada em meio a empurra-empurra verbal e clima de hostilidade.
Segurança pública vira campo de batalha política
O episódio ilustra como a segurança pública se tornou uma das pautas mais polarizadas do Congresso. Enquanto parte dos parlamentares defende endurecimento das ações policiais, outra ala critica o que chama de “licença para matar”.
O debate ganhou força após a operação no Complexo do Alemão e da Penha, que deixou dezenas de mortos e reacendeu discussões sobre o uso da força policial em áreas de vulnerabilidade. O tema dividiu deputados, com discursos que variaram entre elogios à “coragem das forças de segurança” e críticas à “letalidade descontrolada”.
Repercussão e consequências
Após o tumulto, o PSOL anunciou que pretende acionar o Conselho de Ética contra Paulo Bilynskyj por cerceamento de fala e desrespeito ao regimento interno. Já o presidente da comissão alegou que apenas seguiu o tempo previsto e acusou a oposição de tentar transformar a reunião em “palanque ideológico”.
Nos bastidores, líderes partidários tentam amenizar o episódio, mas reconhecem que o tema da violência deve dominar as próximas sessões da Câmara. A disputa reflete um impasse maior: o país segue sem consenso sobre como combater o crime sem ampliar a tragédia da violência.
Perguntas e respostas
- O que motivou o bate-boca na Comissão de Segurança Pública?
O presidente encerrou a sessão antes de Talíria Petrone poder falar. - Como reagiram os parlamentares?
Deputados do PSOL protestaram, enquanto bolsonaristas aplaudiram o encerramento. - O que o PSOL pretende fazer após o episódio?
O partido anunciou que vai acionar o Conselho de Ética contra o presidente da comissão.












