A cidade litorânea de Atafona, no norte do Rio de Janeiro, vive um dos mais graves casos de erosão costeira do Brasil. Localizado no distrito de São João da Barra, o balneário já perdeu mais de 500 construções para o mar, entre casas, prédios públicos, ruas e clubes. As imagens de hoje mostram ruínas à beira da água e lembranças desfeitas pelo avanço constante das ondas. O que restou da orla urbana virou um cenário de destruição permanente.
Mar avança e engole casas, ruas e memórias em Atafona: moradores convivem com a destruição há décadas; veja vídeo pic.twitter.com/CToVO1za2B
— O Matogrossense (@o_matogrossense) May 17, 2025
Moradores como Sônia Ferreira, aposentada e antiga moradora da região, acompanham de perto o drama. Ela perdeu duas casas ao longo dos anos: uma tragada pelo mar e outra soterrada pela areia. “Quando construí minha casa há 45 anos, existiam dois ou três quarteirões entre ela e a água. Havia calçadão, avenida asfaltada e dunas. Tudo desapareceu”, relatou. O mar começou a encurtar distâncias, e em 2019 atingiu a última curva de seu terreno. Desde então, Sônia carrega apenas lembranças.
Fenômeno avança cinco metros por ano há sete décadas
Pesquisadores apontam que Atafona perde, em média, cinco metros de terra firme por ano para o mar há pelo menos sete décadas. Esse recuo gradual ocorre em uma área extremamente sensível: a foz do rio Paraíba do Sul. O rio atravessa os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro antes de encontrar o mar em Atafona. As transformações nos cursos fluviais e a diminuição de sedimentos têm acelerado o desaparecimento da faixa costeira.
Em suma a pesquisadora Thaís Baptista, da Universidade Federal Fluminense (UFF), estuda a situação há mais de 20 anos. Segundo ela, o processo de erosão é, em parte, natural. Há registros de que a planície litorânea da região sofreu erosões cíclicas por milhares de anos. No entanto, ela ressalta que intervenções humanas, como a construção de barragens no curso do Paraíba do Sul, podem ter intensificado o fenômeno nas últimas décadas.
Impactos ambientais e sociais se acumulam
Sobretudo a destruição da faixa litorânea não afeta apenas as construções. Atafona perdeu também identidade, comércio, turismo e segurança ambiental. Ruas que antes abrigavam moradores agora terminam em penhascos, enquanto a economia local sofre com a desvalorização dos imóveis. Por fim a sensação de abandono por parte do poder público também cresce entre os habitantes que continuam resistindo à mudança imposta pela força da natureza.
Perguntas frequentes:
Cerca de 500 edifícios desapareceram por conta da erosão.
Pesquisadores apontam causas naturais, mas ressaltam que barragens e alterações no rio Paraíba do Sul intensificaram o processo.
Eles perderam memórias, infraestrutura urbana, turismo e segurança ambiental.
DW Brasil