A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal testemunhou uma intensa discussão entre os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Fabiano Contarato (PT-ES). Os senadores debatiam o Projeto de Lei 1958 de 2021, que aborda cotas raciais em concursos públicos. O conflito começou quando Flávio Bolsonaro criticou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Inicialmente, Flávio Bolsonaro questionou a proposta da ministra de priorizar famílias ciganas e quilombolas na distribuição de doações às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Ele afirmou: “É isso que a gente quer para a sociedade? Como se a tragédia tivesse escolhido cor da pele. Nesse caso do Rio Grande do Sul nem a condição social a gente pode falar, porque pega todo mundo. Imagina quem é branco e pobre nesse País agora. Que se foda, é isso?” Essa declaração provocou reações imediatas na sessão.
Consequentemente, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, interrompeu a sessão e ordenou a remoção do palavrão das notas taquigráficas. Flávio Bolsonaro, então, pediu desculpas, explicando que se exaltou devido a “provocações” de outros parlamentares.
Em seguida, Fabiano Contarato defendeu a ministra Anielle Franco e rebateu as críticas de Flávio, dizendo que ele deveria “estudar história”. Contarato afirmou: “Quem é primeiro atingido vai ser a população que mais sofre. Não que os brancos não sofram. Não tenho dúvidas. Mas tem que ter uma prioridade diante de quem mais sofre. É a realidade deste País desigual. É racismo estrutural. Vai estudar história.”
Além disso, Flávio Bolsonaro atacou o uso do termo “racismo ambiental”, que Anielle Franco mencionou em janeiro, após as chuvas no Rio de Janeiro. Parlamentares da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contestaram a definição, enquanto governistas defenderam a ministra.
Esses debates revelam, portanto, as tensões políticas em torno das políticas de igualdade racial e a complexidade dos desafios de discriminação e justiça social no Brasil.