Julio César Manzur construiu, ao longo dos anos, uma imagem marcada por defesas firmes e postura sólida dentro de campo. Em 2004, ele conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas e, dois anos depois, liderou o Santos ao título paulista. No entanto, a polícia do Paraguai mudou drasticamente esse enredo ao prender o ex-zagueiro com 6kg de cocaína em Luque, cidade próxima à capital Assunção. As autoridades embalaram a droga, catalogaram o material como pronto para distribuição e apreenderam, durante a mesma ação, armas de fogo e seis celulares. Os agentes ainda identificaram Manzur ao volante de uma caminhonete, onde ele transportava dois suspeitos que, segundo sua própria versão, seriam apenas conhecidos.
Carreira promissora, mas trajetória instável
Além do Santos, Manzur vestiu a camisa de clubes como Libertad, Olimpia, Pachuca e Tigres, com passagens sólidas pela seleção paraguaia. Mesmo com uma carreira de destaque, seu nome raramente esteve entre os mais celebrados fora do Paraguai. O declínio silencioso da carreira levanta uma questão que assombra muitos ex-atletas sul-americanos: o que acontece quando os holofotes se apagam? Dados da FIFPro, organização global dos jogadores de futebol, apontam que até 40% dos ex-jogadores enfrentam dificuldades financeiras cinco anos após a aposentadoria.
Da glória à cela: o dilema da reinserção
A prisão de Julio Manzur escancarou a ausência de políticas eficazes voltadas à reintegração de atletas aposentados na vida civil. Sem acesso a suporte psicológico contínuo ou a programas de capacitação profissional, diversos ex-jogadores enfrentam a marginalização social e, em situações extremas, mergulham em atividades criminosas. Em 2023, por exemplo, a Justiça condenou o ex-meia colombiano Jhon Viáfara a 11 anos de prisão por tráfico internacional de drogas, reforçando a percepção de que esses episódios seguem um padrão recorrente, alimentado por negligência estrutural e não apenas por escolhas individuais.
Perguntas e respostas:
Falta de apoio psicológico e financeiro após a aposentadoria.
Em geral, podem ser confiscados pelas autoridades.
Não. A lei vale para todos, independentemente da fama.